quarta-feira, 10 de julho de 2013

Degase e presídios recebem visita de símbolos da Jornada Mundial no Rio



Cruz peregrina foi entregue por João Paulo II aos jovens há 30 anos. 
Trabalho social com jovens infratores é um dos legados sociais da Jornada.

No quarto dia de peregrinação dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude, adolescentes privados de liberdade e dependentes químicos tiveram contato com a Cruz Peregrina e o Ícone de Nossa Senhora que passaram por mais de 250 dioceses pelo Brasil até chegar à cidade-sede do evento. Nesta manhã (9), os símbolos visitaram a Unidade de Reinserção Social (UMRS), o Degase, Educandário Santo Expedito, a penitenciária de mulheres Talavera Bruce e a penitenciária Industrial Esmeraldino Bandeira, em Bangu, Zona Oeste do Rio
A visita ao Complexo Penitenciário de Bangu começou na Unidade de reabilitação de dependentes químicos, em Paciência. Na unidade de ressocialização de menores infratores, em Bangu, dos 150 adolescentes, cerca de 100 participaram da cerimônia da Cruz Peregrina que contou com oração e louvor. Cada jovem infrator pode pegar entre 45 dias a três anos de internação. A idade dos jovens varia entre 16 e 20 anos.
Um dos legados que a Jornada quer deixar para a juventude é o trabalho social com adolescentes privados de liberdades e dependentes químicos. Para Rita Vasconcelos, do Setor Pré-Jornada, a peregrinação dos símbolos abre as portas para o projeto. "Ao visitar esses jovens e essa realidade, damos abertura para anunciar o legado social da Jornada. A Igreja Católica precisa estar presente e trabalhar com esses jovens. É uma coisa nova que a Jornada vem trazer. Tenho certeza que visitas como essas abrem as portas para um trabalho mais intenso", garantiu Rita.Trazidos por um caminhão, a Cruz de três metros de altura e o Ícone de Nossa Senhora, foram expostos para os adolescentes. Padre Jefferson Merighetti, diretor do Setor Pré-Jornada e responsável pela peregrinação dos símbolos no Rio, convidou os adolescentes a olharem para a Cruz e fazerem suas orações. "Que este seja um local de proteção. Peçam que Deus transforme os ambientes de guerra em ambientes de paz. Que olhando para a Cruz e com o olhar de Maria para vocês, possam sentir esperança. Que possam hoje pedir por suas famílias e que Deus dê a cada um de vocês o que precisa.”
Os adolescentes puderam contemplar os símbolos e foram convidados a fazer suas orações individuais. Todos se levantaram e puderam tocar na Cruz Peregrina. Após o momento, cada um recebeu como lembrança um pequena cruz.
Os jovens recebem assistência religiosa duas vezes por semana. São quase 60 leigos trabalhando em 11 unidades pelo Rio. O assistente eclesiástico da Pastoral dos Menores Privados de Liberdade, Padre Aldo de Souto Santos, da paróquia Santo Antônio de Pádua, do Cachambi, assumiu a dois meses o trabalho e disse é um dia histórico para eles.
“Esse momento é histórico na vida deles e algo que vai mover a fé deles. Três papas tocaram nessa Cruz e um deles vai ser canonizado, o João Paulo II. Eles estão tendo a oportunidade de tocar num símbolo que viajou o mundo. Daqui a 50 anos, quando os símbolos já estiverem em outro país, eles vão lembrar desse momento. Talvez hoje eles não tenham total consciência do que é a importância desse momento, mas amanhã terão. Eu vejo alguns deles mais abertos até mesmo do que alguns jovens que participam da minha paróquia. Cada um tem uma história. No momento em que eles se aproximaram, eu vi eles dizendo: eu estou aqui, olhe para mim. São jovens que têm uma história por trás, têm muitas marcas da vida, mas eles tem fé”, disse o padre Aldo.
Ressocialização
Carlos Alberto, agente socioeducativo do Santo Expedito, ressaltou que eventos como a visita dos símbolos levam novas opções para os jovens. “O nosso objetivo aqui é a ressocialização para que eles sejam entregues de novo à sociedade com chances reais de ter um rumo diferente. Uns vêm com hábitos de fora e a gente tenta passar para eles novos valores, regras a serem respeitadas. A Igreja Evangélica também têm uma boa atuação aqui. E esses eventos religiosos sempre têm uma boa adesão. Eles não são obrigados a aceitar a assistência religiosa, mas acreditamos ser uma opção para que eles tenham direito à religiosidade.”
O agente revelou ainda que a disciplina dos adolescente foi considerada ótima. “Eles tiveram um comportamento bom. Talvez eles não têm conhecimento do que isso representa, por isso nem todos desceram para participar. Só vai ter noção quem pode presenciar. Mas é uma escolha deles. O importante é sempre ter religião, ter também cursos, atividades esportivas, dinâmicas, pois isso faz diferença no desenvolvimento deles. O que a gente quer é mostrar uma segunda opção para a vida.”

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