Tema: “Na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá!” O cristão caminha, sempre atento, preparado para acolher o Senhor que vem.
Primeira leitura: Todos são convidados a dirigirem-se à montanha onde reside o Senhor… É do encontro com a sua
Palavra que resultará um mundo de harmonia, de paz sem fim.
Evangelho: apela à vigilância. O crente ideal vive atento e vigilante,
acolhendo o Senhor que vem, respondendo aos seus desafios, cumprindo o seu
papel na construção do “Reino”.
Segunda leitura: recomenda aos crentes
que despertem da letargia que os mantém presos ao mundo das trevas (o mundo do
egoísmo, da injustiça, da mentira, do pecado), que se vistam da luz (a vida de
Deus, que Cristo ofereceu a todos) e que caminhem, com alegria e esperança, ao
encontro de Jesus, ao encontro da salvação.
5. PRIMEIRA LEITURA (Is 2,1-5) Leitura do Livro do Profeta
Isaías.
Visão de
Isaías, filho de Amós, sobre Judá e Jerusalém. Acontecerá, nos últimos tempos,
que o monte da casa do
Senhor
estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das montanhas e dominará as
colinas. A ele acorrerão todas as nações, para lá irão numerosos povos e dirão:
“Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre
seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos”; porque de Sião provém a
lei e de Jerusalém, a palavra do Senhor. Ele há de julgar as nações e arguir
numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em
foices: não pegarão em armas uns contra os outros e não mais travarão combate.
Vinde, todos da casa de Jacó, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor.
AMBIENTE - Na fantasia do poeta, ele vê, num futuro sem data definida, uma multidão de povos de todas as raças e nações que, atraídas por Jahwéh, se dirigem ao encontro da salvação de Deus. Estamos diante de um dos oráculos mais bonitos de todo o Antigo Testamento.
MENSAGEM - O nosso oráculo é o poema da paz universal e da
convergência de todos os povos à volta de Deus. Na visão do profeta, o “monte
do Senhor” transforma se no centro do mundo, por ser a morada de Jahwéh. Todos
os povos avançam ao encontro do Senhor: eles vêm atraídos pela força da Palavra
de Deus; querem ser instruídos nos caminhos de Jahwéh. Primeiro, eles aceitam a arbitragem
justa e pacífica de Deus; depois, compreendem que não são necessárias armas: as
máquinas de guerra transformam-se em instrumentos pacíficos de trabalho e de
vida. Do encontro com Deus e com a sua
Palavra, resulta a harmonia, o progresso, o entendimento entre os povos, a vida
em abundância, a paz universal. Este quadro é o reverso de Babel… Na história
da torre de Babel o orgulho e a auto-suficiência conduziu à divisão, ao
conflito, à confusão. Agora, os homens escolheram escutar Deus; o resultado é a
reunião de todos os povos, o entendimento, a harmonia, o progresso, a paz
universal. Quando se realizará esta profecia?
ATUALIZAÇÃO
♦ O sonho do profeta começa a realizar-se em Jesus. Ele é a Palavra
viva de Deus, que Se fez carne e que veio habitar no meio de nós, a fim de
trazer a “paz aos homens” amados por Deus; da escuta dessa Palavra, nasce a
comunidade universal da salvação, aberta a todos os povos da terra (cf. At 2,5-
11). Estamos começando o tempo de preparação para acolher Jesus (Advento) e a
proposta de salvação que, através d’Ele, o Pai quer fazer aos homens.
♦ Estamos muito longe dessa terra ideal de justiça e de paz,
construída à volta de Deus e da sua Palavra. Que posso eu fazer para que o
sonho de Isaías se concretize?
6. SALMO RESPONSORIAL 121 (122)
Que alegria, quando me disseram: “Vamos à casa
do Senhor!”
• Que alegria, quando me disseram: /
“Vamos à casa do Senhor!” /
E agora nossos pés já se detêm, /
Jerusalém, em tuas portas.
• Para lá sobem as tribos de Israel, /
as tribos do Senhor.
/ Para louvar, segundo a lei de Israel,
/ o nome do Senhor. /
A sede da justiça lá está / e o trono
de Davi.
• Rogai que viva em paz Jerusalém, / e
em segurança os que te amam! /
Que a paz habite dentro de teus muros, /
tranquilidade em teus palácios!
• Por amor a meus irmãos e meus amigos,
/ peço: “A paz esteja em ti!” /
Pelo amor que tenho à casa do Senhor, / eu te
desejo todo bem!
9. EVANGELHO (Mt 24,37-44)S. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele
tempo, Jesus disse aos seus discípulos: “A vinda do Filho do Homem será como
nos tempos de Noé. Pois nos
dias
antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento,
até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam até que veio o
dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem.
Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado.
Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada.
Portanto, ficai atentos! Porque não sabeis em que dia virá o Senhor.
Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão,
certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Por isso,
também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do
Homem virá”.
AMBIENTE - Os capítulos 24 e 25 do Evangelho de Mateus apresentam o último
grande discurso de Jesus antes da sua paixão e morte. No discurso transmitido
por Marcos a questão principal é a dos sinais que precederão a destruição de
Jerusalém e do Templo. No discurso reelaborado por Mateus a questão central é a
da vinda do Filho do homem e das atitudes com que os discípulos devem preparar
esta vinda. Esta mudança de perspectiva pode explicar-se a partir da situação
em que vivia a comunidade de Mateus e com as suas necessidades. Estamos na
década de 80. Passaram dez anos a destruição de Jerusalém e ainda não aconteceu
a segunda vinda de Jesus. Os crentes estão desanimados e desiludidos… O
evangelista contempla com preocupação os sinais de abandono, de desleixo, de
esfriamento que começam a aparecer na comunidade e sente que é preciso renovar
a esperança e levar os crentes a comprometer-se na história, construindo o
“Reino”. Nesta situação, Mateus descobre que as palavras de Jesus encerram um
profundo ensinamento e compõe com elas uma exortação dirigida aos cristãos.
Esta exortação fundamenta-se numa convicção: a vinda do “Filho do homem” é um
fato certo, ainda que não aconteça em breve; enquanto não chega o momento, é
preciso preparar este grande acontecimento, vivendo de acordo com os
ensinamentos de Jesus. A linguagem destes capítulos é estranha e enigmática…
Trata-se, no entanto, de um gênero usado com alguma frequência por alguns
grupos judeus e cristãos da época de Jesus. É a linguagem “apocalíptica”,
porque o seu objetivo é “revelar algo escondido” (“apocaliptô). Em muitas
ocasiões, esta revelação é dirigida a comunidades que vivem numa situação de
sofrimento, de perseguição; o objetivo é animá-las, dar-lhes esperança,
mostrar-lhes que a vitória final será de Deus e dos que lhe forem fiéis.
MENSAGEM - Para Mateus, a vinda do Senhor é certa, embora ninguém saiba o dia
nem a hora; resta estar vigilantes, preparados e ativos… Mateus usa três
quadros:
O primeiro é o quadro da humanidade na época de Noé: os homens viviam preocupados
apenas em gozar a sua “vidinha” descomprometida; quando o dilúvio chegou,
apanhou-os de surpresa.
O segundo coloca-nos diante de duas situações da vida quotidiana: o
trabalho agrícola e a moagem do trigo… Os compromissos e trabalhos necessários
à subsistência do homem também não podem ocupá-lo de tal forma que o levem a
negligenciar o essencial: a preparação da vinda do Senhor.
O terceiro coloca-nos frente ao exemplo do dono de uma casa que adormece e
deixa que a sua casa seja saqueada pelo ladrão… Os crentes não podem, nunca,
deixar-se adormecer, pois o seu adormecimento pode levá-los a perder a
oportunidade de encontrar o Senhor que vem. A questão fundamental é: o crente
ideal é aquele que está sempre vigilante, atento, preparado, para acolher o
Senhor que vem. Não perde oportunidades, porque não se deixa distrair com os
bens deste mundo, não vive obcecado com eles e não faz deles a sua prioridade
fundamental… Mas, dia a dia, cumpre o papel que Deus lhe confiou, com empenho e
com sentido de responsabilidade.
ATUALIZAÇÃO
♦ O que é que significa para nós “estar vigilantes”, “estar
atentos”, para acolher o Senhor? Significa acolher todas as oportunidades de
salvação que Deus nos oferece continuamente… Se Ele vem ao meu encontro, me
desafia a cumprir uma determinada missão e eu prefiro continuar a viver a minha
“vidinha” fácil e sem compromisso, estou a perder uma oportunidade de dar
sentido à minha vida; se Ele vem ao meu encontro, me convida a partilhar algo
com os meus irmãos mais pobres e eu escolho a avareza e o egoísmo, estou a
perder uma oportunidade de abrir o meu coração ao amor, à alegria, à
felicidade…
♦ O Evangelho apresenta alguns dos
motivos que impedem o homem de “acolher o Senhor que vem”… Fala da opção por
“gozar a vida”, sem ter tempo para compromissos sérios (quanta gente, ao
domingo, tem todo o tempo do mundo para dormir até ao meio dia, mas não para
celebrar a fé com a sua comunidade cristã); fala do viver obcecado com o
trabalho, esquecendo tudo o mais (quanta gente trabalha quinze horas por dia e
esquece que tem uma família e que os filhos precisam de amor); fala do
adormecer, não prestando atenção às realidades essenciais (quanta gente encolhe
os ombros diante do sofrimento dos irmãos e diz que não tem nada com isso: é o
governo ou o Papa que têm que resolver a situação)… E eu: o que é que na minha
vida me distrai do essencial e me impede, tantas vezes, de estar atento ao
Senhor que vem?
♦ Neste tempo de preparação para a celebração do nascimento de
Jesus, sou convidado a centrar a minha vida no essencial, a redescobrir aquilo
que é importante, a acordar para os compromissos que assumi para com Deus e
para com os irmãos, a empenhar-me na construção do “Reino”. É essa a melhor
forma – ou melhor, a única forma – de preparar a vinda do Senhor.
7. SEGUNDA LEITURA (Rm 13,11-14a) Leitura da Carta de São
Paulo aos Romanos.
Irmãos:
Vós sabeis em que tempo estamos, pois já é hora de despertar. Com efeito, agora
a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé. A noite já vai
adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as
armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia: nada de glutonerias e
bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades, nem de brigas e rivalidades.
Pelo contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.
AMBIENTE - Estamos no ano 57 ou 58. O perigo da divisão ameaça a Igreja: de
um lado estão as comunidades de origem judeu-cristã e de outro as comunidades
pagano-cristãs; uns e outros têm algumas dificuldades de entendimento e há um
perigo real de cisão. Paulo escreve, então, sublinhando a unidade da fé e
chamando a atenção para a igualdade fundamental de todos no processo da
salvação. A primeira parte da Carta aos Romanos (cf. Rom 1,18-11,36) é de
caráter dogmático e procura mostrar que o Evangelho é a força que congrega e
que salva todo o crente; a segunda parte (cf. Rom 12,1-15,13) é de caráter
prático e exorta a todos a viver no amor. O texto que hoje nos é proposto
pertence à segunda parte da carta. Depois de exortar os cristãos que pertencem
à comunidade de Roma ao amor mútuo, Paulo pede-lhes que estejam vigilantes e
preparados, a fim de acolher o Senhor que vem.
MENSAGEM – Referindo-se à “hora” que os cristãos estão a viver, Paulo
pede-lhes que se levantem “do sono, porque a salvação está mais perto”. Ao
dizer que a salvação está perto, o que é que Paulo está a sugerir? Paulo pensava,
certamente, na vinda mais ou menos iminente de Jesus Cristo, a fim de concluir
a história da salvação; no entanto, a ausência de especulações apocalípticas
mostra claramente que o interesse de Paulo não é no “quando” e no “como”, mas
no significado e nas consequências dessa vinda. O fato que aqui interessa é,
portanto, que os cristãos estão a viver os “últimos tempos” (que começaram
quando Jesus deixou o mundo e encarregou os discípulos de serem testemunhas da
salvação diante dos homens) antes da vinda de Jesus… Quais as consequências
disso? Antes de serem batizados, os cristãos viviam nas trevas e a sua vida
estava pontuada pelo egoísmo (excessos de comida e de bebida, devassidões,
libertinagens, discórdias e ciúmes); mas, com o batismo, eles nasceram para uma
nova realidade… É para essa realidade de uma vida nova, liberta do egoísmo e do
pecado, que eles devem acordar definitivamente, enquanto esperam o Senhor que
vem: quando o Senhor chegar, deve encontrá-los despidos do velho mundo das
trevas; e deve encontrá-los atentos e preparados, revestidos dessa vida nova
que Cristo lhes ofereceu, vivendo na fé, no amor, no serviço. Fundamentalmente,
há aqui um convite a que os crentes vivam este “tempo” como um tempo último e
definitivo, que tem de ser um tempo de caminhada ao encontro de Jesus Cristo e
ao encontro da salvação.
ATUALIZAÇÃO
♦ A questão é a da conversão: os
crentes são convidados a deixar a vida das trevas e embarcar na vida da luz… As
“trevas” caracterizam essa realidade negativa que produz mentira, injustiça,
opressão, medo, materialismo; a “luz” é a transformação das estruturas e dos
corações…
♦ Quase todos nós somos pessoas razoáveis e sérias e não andamos
todos os dias em libertinagens e discórdias; mas, apesar da nossa bondade e
seriedade, é possível que o cansaço, a monotonia, a preguiça nos adormeçam, que
caiamos na indiferença, na inércia, na passividade, no comodismo; é possível
que deixemos correr as coisas e que esqueçamos os compromissos que um dia
assumimos com Jesus e com o “Reino”… É para nós que Paulo grita: “acordai!;
renovai o vosso entusiasmo pelos valores do Evangelho; é preciso estar
preparado para acolher o Senhor que vem”.
♦ Há também, neste texto, um convite à esperança: “o Senhor vem! A
noite vai adiantada e o dia está próximo”. Deus não nos abandona; Ele continua
a vir ao nosso encontro e a construir conosco esse mundo novo de justiça e de
paz… Por muito que nos assustem as trevas que envolvem o mundo, a presença de
Deus garante-nos que a injustiça, a exploração, a morte não são o final
inevitável: a última palavra que a história vai ouvir é a Palavra libertadora e
salvadora de Deus.
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho
"Vigiai!"
Nesse domingo, inicia mais um Ano Litúrgico, no qual
relembramos e revivemos os Mistérios da História da Salvação.
NATAL e PÁSCOA centralizam as celebrações, que
são vividas em três momentos: antes, durante e depois...
Nesse Ano A, o
Evangelho de Mateus terá uma atenção
especial.
Com o Advento, entramos no tempo que nos prepara para o
Natal do Senhor
A palavra ADVENTO
significa "Vinda", chegada: nos faz relembrar e reviver as primeiras
etapas da História da Salvação, quando os homens se prepararam para a vinda do
Salvador, a fim de que também nós possamos preparar hoje em nossa vida a vinda
de Cristo por ocasião do Natal.
Nas duas primeiras semanas do Advento, vigilantes e alertas,
esperamos a vinda definitiva e gloriosa do Cristo Salvador, e nas duas últimas
semanas, lembrando a espera dos profetas e de Maria, preparamos mais
especialmente o seu nascimento em Belém.
A Liturgia de hoje é
um veemente apelo à VIGILÂNCIA, para
acolher os Sinais de Deus.
Na 1a Leitura, ISAÍAS profetiza a vinda de um
descendente de Davi, que trará justiça e paz para o seu povo. (Is 2,1-5) É um dos oráculos mais
bonitos de todo do Antigo Testamento.
Encarna a espera do Antigo Testamento de um futuro
maravilhoso: fala de uma era messiânica, na qual todos os povos acorrerão a
Jerusalém para adorar o único Deus.
As armas se transformarão em instrumentos pacíficos de
trabalho e de vida.
* O sonho do profeta começa a realizar-se em
Jesus, mas estamos ainda muito longe dessa terra de justiça e de paz...
- O que
podemos fazer para que o sonho de Isaías se concretize?
Na 2a Leitura,
Paulo nos convida a "acordar" para descobrir os sinais do novo dia que
já raiou e caminhar ao encontro da Salvação, deixando as obras das trevas e
vestindo as armas da LUZ. (Rm 13,11-14)
O Evangelho é um apelo a uma VIGILÂNCIA permanente, para reconhecer
o Senhor na sua chegada.
Para transmitir essa mensagem, Jesus usa três quadros:
- O 1º Quadro
é da humanidade na época de Noé: Os homens viviam, então, numa alegre
inconsciência, preocupados apenas em
gozar a sua "vidinha" descomprometida.
Quando o dilúvio
chegou, os apanhou de surpresa e despreparados.
- O 2º Quadro
fala dos trabalhos da vida cotidiana: podem nos levar a negligenciar a preparação
da Vinda do Senhor.
- O 3º Quadro
coloca o exemplo do dono de uma casa, que adormece e deixa a sua casa
ser roubada pelo ladrão.
+ O que significa "estar vigilante"?
- Será apenas estar sem pecado... para não ir para o
inferno?
- Ou acolher as oportunidades de salvação, que Deus nos
oferece?
Jesus continua vindo, para nos salvar e nos trazer a
felicidade. E nós temos que estar sempre atentos para perceber cada vinda sua.
Ele está presente nas palavras de quem nos orienta para o bem, nos gestos de amor dos irmãos, no esforço de
quem se sacrifica
para construir um mundo mais justo e fraterno.
Hoje, devido ao medo provocado pelo desemprego, fome e
violência, assistimos ao fenômeno da busca de refúgio no sagrado. Mas o excesso
de alegria de certas práticas religiosas sem compromisso pode nos tirar a
possibilidade de perceber a chegada do Senhor.
- As celebrações festivas nos fazem mais vigilantes, mais
acordados para a realidade que temos a obrigação de transformar ou funcionam
como sonífero, que nos impedem de ver a chegada daquele que vem sem aviso
prévio?
+ Motivos que impedem a acolhida do Senhor que vem:
- Prazeres da vida: a pessoa mergulhada nos prazeres
fica alienada...
No domingo, dorme...
passeia... pratica esportes... mas não sobra tempo para celebrar a sua fé na
Comunidade...
- Trabalho excessivo: a pessoa obcecada pelo trabalho
esquece o resto: Deus, a família, os amigos, a própria saúde...
- Desatenção: o Distraído não vê o Cristo, presente
na pessoa sofredora...
Acha que não é
problema seu... é do governo... da Igreja...
+ Em minha vida, o que mais me
distrai do essencial e me impede tantas vezes de estar atento ao Senhor que
vem?
+ Como desejo me preparar para o Natal desse ano?
- Apenas programando
festas, presentes, enfeites, músicas?
- Ou numa atitude
humilde e vigilante, a esse Cristo que vem?
- Participo da Novena
do Natal em Família?
- Que PAZ desejo
construir?
Pe. Antônio G.
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Homilia do Padre Françoá Costa – I Domingo
do Advento (Ano A)
Noé do século XXI
Não faz muito tempo, um amigo enviou-me uns conselhos interessantíssimos
para recristianizar a sociedade. São verdadeiramente divertidos! Vamos
aproveitá-los no dia de hoje de uma maneira bastante prática. Por outro lado,
falando em recristianizar o nosso mundo, o nosso Brasil, vêm à mente as
alegrias e as dificuldades que essa missão leva consigo.Escutamos a comparação entre os tempos de Noé e os tempos da segunda vinda de Cristo: assim como, nos tempos de Noé, as pessoas, além de viver bem ordinariamente, estavam bastante distraídas, “assim será também na volta do Filho do homem” (Mt 24,39). Assim como os seres humanos que precederam o dilúvio universal, “comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento” (Mt 24,38), assim também estará a humanidade que precederá o juízo universal. Além da exortação que o Senhor faz para que estejamos vigilantes porque ele pode voltar a qualquer momento, não surpreende o fato de que nós frequentemente vivemos distraídos para essas coisas de dilúvios e de juízos. É normal, pois nos parece de grande proveito comer, beber e divertir-nos. E é verdade! Mas é preciso que unamos essas coisas ordinárias com as realidades sobrenaturais fazendo com que sejam uma só coisa na nossa vida: “quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Cor 10,31).
O critério está bem claro: se fizermos todas as coisas ordinárias tendo presente a glória de Deus não seremos surpreendidos no dia do juízo, estaremos sempre preparados para esse acontecimento. Mas, como ter sempre presente a glória de Deus? Como não andar frequentemente distraídos?
É nesse contexto que eu acho que se encaixa como uma luva à mão os conselhos do meu amigo para recristianizar a sociedade. São também bastante práticos para que tenhamos sempre presente a glória de Deus e não andarmos tão distraídos. Dos vinte e cinco conselhos formulados pelo meu amigo, vou mencionar somente alguns:
- Reze antes das refeições, também ao comer em restaurantes ou em qualquer outro lugar. Ser cristão não é ter AIDS!
- Escreva aquilo que você sabe, mas com sentido cristão. Não se preocupe! Aqueles que escrevem sem sentido cristão tampouco são escritores.
- Se for comer num restaurante numa sexta-feira, pregunte ao garçom pelos menus de abstinência. Caso ele fique um pouco admirado, é simples, explique o porquê.
- Se você é religioso, lembre-se que o hábito é um grande testemunho e é fera demais! Retire a poeira dele e use-o desde a manhã até a noite. Não se preocupe: os jovens também chamam a atenção com as roupas que eles utilizam.
- Não tenha vergonha de apresentar aos amigos os seus oito filhos.
- Se você é sacerdote passe cinco horas diárias no confessionário. Se não é, passe cinco minutos semanais pelo confessionário.
- Seja pós-moderno e atreva-se a elogiar diante dos seus amigos a santa pureza, a mortificação corporal, a virgindade e a obediência ao Papa; não se preocupe: aqueles que têm complexos irão ao psiquiatra.
- No tempo de calor, não se comporte como índio antes da colonização. Um pouco de decência, né!?
- Pela rua, vá de mãos dadas com a sua namorada; e se ela tiver frio, é só dar-lhe de presente um cachecol.
- Com idêntica soltura com que você cita a Maomé, Gandhi o Martin Luther King, faça o mesmo com a Epístola aos Filipenses, o Evangelho segundo São Mateus ou São Cirilo de Jerusalém. Experimente!
- Sorria. Um Brasil mais cristão é um Brasil mais alegre.
- Não se queixe. Faça alguma coisa.
Já que com esse primeiro domingo do Advento a Igreja inicia mais um Ano Novo Litúrgico, aproveito para felicita-lo também: felicidades neste Ano Novo e que seja de abundantes graças do Senhor.
Pe. Françoá Costa
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Homilia do Mons. José Maria – I Domingo do Advento (Ano A)
Nesse domingo, inicia mais um Ano Litúrgico, no qual relembramos e revivemos
os Mistérios da História da Salvação. A Igreja nos põe de sobreaviso com quatro
semanas de antecedência a fim de que nos preparemos para celebrar de novo o
Natal e, ao mesmo tempo, para que, com a lembrança da primeira vinda de Deus
feito homem ao mundo, estejamos atentos a essas outras vindas do Senhor: no fim
da vida de cada um e no fim dos tempos. Por isso o Advento é o tempo de
preparação e de esperança.A palavra ADVENTO significa “Vinda”, chegada: nos faz relembrar e reviver as primeiras etapas da História da Salvação, quando os homens se preparam para a vinda do Salvador, a fim de que também nós possamos preparar hoje em nossa vida a vinda de Cristo por ocasião do Natal.
Isaías fala com ênfase da era messiânica, quando todos os povos se hão de reunir em Jerusalém para adorarem o único Deus. Jerusalém é figura da Igreja, constituída por Deus “sacramento universal de salvação” (LG 48), que abre os seus braços a todos os homens para os conduzir a Cristo e para que, seguindo os seus ensinamentos, vivam como irmãos na concórdia e na paz. Cada cristão deve ser uma voz a chamar os homens, com a veemência de Isaías, à fé verdadeira e ao amor fraterno. Convida Isaías: “Vinde, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (Is 2, 5).
O Evangelho (Mt 24, 37 – 44) convoca os cristãos à vigilância: “Vigiai, porque não sabeis em que dia virá o Senhor” (Mt 24, 42). São Paulo (Rm 13, 11 – 14) lembra que a salvação já está próxima. Chegou a hora de acordar, pois o dia se aproxima É preciso deixar as trevas e ser iluminados pela luz do dia, pela luz de Cristo. Trata-se da conversão: deixar as obras das trevas e fazer o bem revestindo-se do Senhor Jesus Cristo.
Preparemos o caminho para o Senhor que chegará em breve; e se notarmos que a nossa visão está embaçada e não distinguimos com clareza essa luz que procede de Belém, é o momento de afastar os obstáculos. É tempo de fazer com especial delicadeza o exame de consciência e de melhorar a nossa pureza interior para receber a Deus. É o momento de discernir as coisas que nos separam do Senhor e de lançá-las para longe de nós. Um bom exame de consciência deve ir até as raízes dos nossos atos, até os motivos que inspiram as nossas ações. E logo buscar o remédio no Sacramento da Penitência (Confissão)!
“Vigiai, não sabeis em que dia o Senhor virá”. Não se trata apenas da “parusia”, mas também da vinda do Senhor para cada homem no fim da sua vida, quando se encontrar face a face com o seu Salvador; e será esse o dia mais belo, o princípio da vida eterna! “Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá” (Mt 24, 44). Toda a existência do homem é uma constante preparação para ver o Senhor, que cada vez está mais perto; mas no Advento a Igreja ajuda-nos a pedir de um modo especial: “Senhor, mostrai-me os vossos caminhos e ensinai-me as vossas veredas. Dirigi-me na vossa verdade, porque sois o meu Salvador” (Sl 24).
Para manter este estado de vigília, é necessário lutar, porque a tendência de todo homem é viver de olhos cravados nas coisas da terra.
Fiquemos alertas! Assim será se cuidarmos com atenção da oração pessoal, que evita a tibieza e, com ela, a morte dos desejos de santidade; estaremos vigilantes se não abandonarmos os pequenos sacrifícios, que nos mantêm despertos para as coisas de Deus. Diz-nos São Bernardo: “Irmãos, a vós, como às crianças, Deus revela o que ocultou aos sábios e entendidos: os autênticos caminhos da salvação. Aprofundai no sentido deste Advento. E, sobretudo, observai quem é Aquele que vem, de onde vem e para onde vem; para quê, quando e por onde vem. É uma curiosidade boa. A Igreja não celebraria com tanta devoção este Advento se não contivesse algum grande mistério”
Procuremos afastar os motivos que impedem a acolhida do Senhor:
– os prazeres da vida: a pessoa mergulhada nos prazeres fica alienada… No domingo, dorme… passeia… pratica esportes… mas não sobra tempo para a Missa.
– trabalho excessivo: a pessoa obcecada pelo trabalho esquece o resto: Deus, a família, os amigos, a própria saúde…
Como desejo me preparar para o Natal desse ano?
Apenas programando festas, presentes, enfeites, músicas?
Preparemos numa atitude de humildade e vigilância a chegada de Cristo que vem.
Mons. José Maria Pereira
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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa – I Domingo do Advento (Ano A)
Com esta santa Eucaristia, estamos iniciando o novo ano litúrgico. É este o
primeiro Domingo do Advento, o tempo de quatro semanas que nos prepara para o
Natal do Senhor. Tudo, na Liturgia nos ajudará nessa santa preparação, na santa
espera, cheia de esperança: o roxo significa a vigilância de quem aguarda, a
moderação das flores ajuda-nos a concentrar nossa atenção naquele que vem, o
“Glória” não cantado prepara-nos para cantá-lo como novidade na Noite Santa do
Natal. Os sentimentos do nosso coração devem ser a vigilância, a piedade
humilde de Maria Virgem, de José, dos pastores, de Simeão, Zacarias e Isabel, o
espírito de conversão anunciado por João Batista, o sonho de um mundo “cheio
da sabedoria do Senhor como as águas enchem o mar” (Is 11,9), como Isaías
profetizou… Aproveitemos essas quatro semanas tão doces, que recordam a espera
de Israel e da humanidade pelo Messias!Nos textos bíblicos que a Igreja hoje nos propõe, o Senhor sonda as angústias e saudades do coração humano e nos fala precisamente da esperança: ele é o Deus que vem ao encontro dos nossos anseios mais profundos… Mas também nos exorta a vigiar, a nos preparar para acolher o Dom esperado. Aliás, é esta a miséria do mundo atual: busca a paz, procura a vida, mas não busca naquele que é a saciedade do nosso coração e a salvação da nossa existência. O homem tem sede e Deus, misericordiosamente envia-lhe a água, que é o Messias… e o nosso mundo não o reconhece; antes, renega-o! Vejamos se não é assim; recordemos a palavra do Profeta: “Acontecerá nos últimos tempos que o monte da casa do Senhor estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das montanhas. A ele acorrerão todas as nações, para lá irão povos numerosos.. porque de Sião provém a lei e de Jerusalém, a Palavra do Senhor”. Vejamos bem: de Israel, Deus prepara uma salvação, uma luz, uma direção para toda a humanidade. O homem sozinho não encontra o caminho, por mais que teime em se julgar grande e auto-suficiente. À nossa pobreza, o Senhor vem com uma promessa tão grande. E, se o coração da humanidade acolher a salvação que vem, a luz que brilha, então, encontrará a paz: “Ele há de julgar as nações e argüir numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegaram em armas uns contra os outros em não mais travarão combate”.Eis a promessa de Deus: dá-nos a salvação; eis o sonho do Senhor: encontrar uma humanidade que acolha o Salvador, dele bebendo a paz!
No nosso mundo, ferido, cansado, incerto… mundo que já não mais crê de verdade em nada, a promessa do Senhor é como um alento. Acreditemos, irmãos! Quão triste o mundo se os cristãos viverem sem esperança, sem certeza, sem ânimo, como os pagãos… Este Tempo do sagrado Advento quer levantar nosso ânimo: o Senhor, cujo Natal celebraremos dentro de quatro semanas, é o mesmo que virá um dia, na sua manifestação gloriosa! Nossa vida tem rumo e sentido. Vigiemos: “Vós sabeis em que tempo estamos! Já é hora de despertas. Agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé. A noitedeste mundo já vai adiantada, o Dia vem chegando” – o Dia é Cristo, Salvação que Deus nos prometeu e nos preparou! Então:“Despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia” – como quem vive já agora, durante a noite deste mundo, no Dia, que é Cristo-Deus: “nada de glutonerias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades, nem de brigas e rivalidades. Pelo contrário: revesti-vos do Senhor Jesus”. Eis o modo de vigiar na noite deste mundo, eis o modo de testemunhar que esperamos, na vigilância, o Salvador que nos foi prometido e virá. É oportuno recordar que este texto da Carta aos Romanos, foi o que provocou a conversão de Santo Agostinho, lá no distante século V. A Palavra de Deus é sempre um apelo gritante e forte para nós! Que ela nos converta também agora!
A grande tentação para os discípulos de Cristo, hoje, é conformar-se com o marasmo do pecado do mundo, é viver burguesamente, uma vida cômoda e sem uma fé verdadeira e operante, sem aquela atitude de alegre expectativa por aquilo que o Senhor nos prometeu. Vamos nos ocupando e distraindo com uma vida fútil, dispersa em mil bobagens, esquecendo daquilo que realmente importa! Vale para nós a advertência seríssima do Senhor Jesus: “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé”: Naquele então, todos vivam tranquilamente: “comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até que Noé entrou na arca e eles nada perceberam…” Como agora: vive-se na farra do paganismo, do consumismo, do relaxamento moral, de tantos absurdos contrários ao Evangelho… e não percebemos que haverá um juízo decisivo de Deus para nós e para o mundo, um juízo no qual o bem e o mal, o santo e o pecador, serão separados: “um será levado e o outro será deixado”… Triste de quem for deixado, triste de quem perder a companhia do Senhor, nossa paz! Pois bem: logo neste iniciozinho de Advento, a advertência do Senhor é dramática: “Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor! Na hora em que menos pensais, o Filho do homem virá!”
Então, enquanto o mundo dorme no seu pecado, na sua auto-satisfação, elevemos, humildemente nosso olhar e nosso coração para Aquele que vem: “A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado! Não se riam de mim meu inimigos, pois não será desiludido quem em vós espera!” – Marana thá! Vem, Senhor Jesus!
Dom Henrique Soares da Costa